Centro de Recursos Poeta José Fanha

História antiga

Era uma vez, lá na Judeia, um rei.
Feio bicho, de resto:
Uma cara de burro sem cabresto
E duas grandes tranças.
A gente olhava, reparava e via
Que naquela figura não havia
Olhos de quem gosta de crianças.
E, na verdade, assim acontecia.

Porque um dia,
O malvado,
Só por ter o poder de quem é rei
Por não ter coração,
Sem mais nem menos,
Mandou matar quantos eram pequenos
Nas cidades e aldeias da nação.

Mas,
Por acaso ou milagre, aconteceu
Que, num burrinho pela areia fora,
Fugiu
Daquelas mãos de sangue um pequenito
Que o vivo sol da vida acarinhou;
E bastou
Esse palmo de sonho
Para encher este mundo de alegria;
Para crescer, ser Deus;
E meter no inferno o tal das tranças,
Só porque ele não gostava de crianças.

(Miguel Torga)

Foi com este poema que encerrámos a segunda sessão do recital "Cem anos de Torga", lido pelo Professor José Fanha. Connosco estiveram também, uma vez mais, a Fanni e o Professor José Vaz. Celebrámos a obra do poeta e fizemos-lhe, desta forma, uma singela homenagem. O público (desta vez o 9.º A e C) contribuiu e o Ricardo e a Ana (9.ºA) leram-nos a fábula "A raposa e as uvas", de La Fontaine. Motivo da escolha? Este foi um dos primeiros autores que marcou Miguel Torga.

A todos os que me ajudaram a concretizar a actividade (Sandra, Zé, Fanha, Fanni e Patrícia), obrigada! "Ninguém é feliz sozinho...", já diz o nosso poeta!

E, agora, aqueles que participaram, qual é a vossa opinião? Fico à espera dos comentários...