segunda-feira, 12 de maio de 2008

Às vezes gosto de me lembrar do O'Neill

POESIA-CÃO

Com que então, coração,
poesia-aflição!
Antes poesia-cão
que é melhor posição.

Já que não és capaz
dos efes e dos erres
dessa solerte mão
que é a que preferes,

meu tolo desidério,
talvez seja mais sério
não te tomares a sério:
reduz-te ao impropério.
Alexandre O'Neill, Feira Cabisbaixa, Relógio D'Água, 1998.

2 comentários:

Anónimo disse...

Achei curioso ter colocado o nome de O'Neill ao cão...

José A. Vaz disse...

cara anónima, à primeira vista até parece! na verdade, acho que o O'Neill nem se importaria que dessem o seu nome a um cão, ele que até tinha um "faro" apuradíssimo para fintar o antigo regime, como foi o caso com este "Feira Cabisbaixa". acresce ainda que se existe tanta gente com nome de cão, porque é que um cão não pode ter nome de gente? e
olhando bem até acho que este cão gostaria de se chamar O'Neill. e o O'Neill também não se importaria.
cave canem...