quinta-feira, 3 de abril de 2008

Bibliotecas escolares: uma história e três imagens.


Ao contrário do que possam pensar as Bibliotecas escolares têm uma história milenar (devem estar surpreendidos e a perguntar: então não foram as professoras Jacqueline e Maria João que as inventaram? Não! Não tanto por causa da história milenar, mas porque, injusta e inexplicavelmente, alguém lhes roubou a ideia – just kidding). Uma vez que o espaço e o tempo não são muitos vou apenas referir os factos mais relevantes. Ao que parece tudo começou, "oficialmente", com a Biblioteca escolar de Aristóteles que era assim uma espécie de génio do pensamento filosófico muito admirado e comentado que influenciou várias gerações na forma de pensar e agir; de certa forma foi, também, uma das figuras que marcou a história da escola (mais tarde, marcou a história da escola o imperador Carlos Magno que era um genial analfabeto). A Biblioteca escolar de Aristóteles foi considerada a mais importante antes da famosa Biblioteca de Alexandria. No Lyceum (Liceu) que fundou em Atenas este filósofo estabeleceu, pela primeira vez, uma estreita relação entre a escola e esse novo espaço intelectual que é a biblioteca.
Mais tarde Demétrio de Falero com o apoio de Ptolomeu apenas ampliou este plano e fundou o Museu e a magnífica e mítica Biblioteca de Alexandria. Foi tal a importância e o impacto desta biblioteca na memória dos homens e da História que 2300 anos depois foi fundada a Nova Biblioteca de Alexandria.
Depois, esta longa história continua com a civilização árabe e a constituição de numerosas bibliotecas, acessíveis tanto a professores como a alunos e onde podiam consultar e requisitar livros (não sei se na altura já se ganhavam milhas). Uma das mais importantes (Dar al-ilm) continha mais de 600 000 livros (6 500 de Matemática e Astronomia) e um globo terrestre de cobre construído por Ptolomeu. O Alcorão, considerado o livro mais importante, era arrumado nas prateleiras mais altas. Os restantes livros eram ordenados hierarquicamente, de acordo com a sua importância e conteúdo.
Regressados ao mundo cristão, na Alta Idade Média, as bibliotecas florescem nos mosteiros e conventos. Aí, é nos "misteriosos" scriptoria (já viram o filme “O Nome da Rosa”?) que são conservados, lidos, copiados, traduzidos e ricamente ilustrados os manuscritos. Estas bibliotecas desempenharam um papel notável na conservação da cultura antiga.
Depois do século X, outras bibliotecas cresceram paralelamente às dos mosteiros e conventos, nomeadamente nas escolas catedrais e, a partir do século XII, nas Universidades que começaram a surgir na Europa.
Às bibliotecas escolares atribuem-se, em geral, papéis centrais em domínios tão importantes como a aprendizagem da leitura, o desenvolvimento do prazer e do hábito da leitura, a capacidade de seleccionar e criticar a informação, o desenvolvimento de métodos de estudo e de investigação autónomos.
Porém, num mundo em que a produção de informação é acelerada e prolixa, a biblioteca escolar é cada vez mais chamada a desempenhar novos papéis.
Ela deixou de conter apenas livros para se tornar num espaço multimédia, onde os alunos acedem a meios audiovisuais, suportes informáticos, revistas e outros tipos de actividades culturais.
Assim, passa a ser um local privilegiado para o desenvolvimento de um conjunto de capacidades de actualização e manuseamento de informação que precisam de ser aprendidas pelos alunos. São as chamadas competências de informação, como o planeamento, a localização, selecção, recolha, organização e registo de informação e a comunicação e realização de relatórios e trabalhos. É cada vez mais, um espaço de aprendizagem do uso adequado da informação. Em suma, o principal objectivo da biblioteca escolar é, hoje, orientar os estudantes de modo a que estes aprendam a manusear a informação na sua vida futura.
Fonte: AA.VV., Apontamentos para uma brevíssima história da biblioteca escolar.

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